Sete principais tendências internacionais de consumo e comportamento

Levantamento realizado em 11 países aponta as sete principais tendências de consumo e comportamento; na ordem do dia, a valorização do que se deseja individualmente e a midiatização da identidade


 

 



Em tempos abundantes de informação, como estes que vivemos, há que se ter um norte, uma guia mínimo que seja para auxiliar na compreensão do que está acontecendo ao nosso redor, e ainda, antecipar cenários. Um estudo inédito da empresa de pesquisa de mercado e interpretação de dados Ipsos, divulgado na semana passada, propõe-se a lançar algumas luzes sobre esta seara.

Realizado em 23 cidades de 11 países - inclusive o Brasil -, o levantamento, intitulado Observatório de Tendências Ipsos, tem o objetivo de captar as tendências de comportamento e consumo nas principais capitais do mundo.

“O desejo de antever o futuro é uma constante na história da humanidade, no entanto, a missão do Observatório de Tendências Ipsos é compreender como as tendências afetam a vida das pessoas e organizações; como os acontecimentos nacionais e internacionais na política, economia, sociedade e cultura transformam comportamentos e como as mudanças no dia a dia traduzem-se em diferentes manifestações na moda, na música, na publicidade, nas temáticas de filme, no design, no consumo, nos produtos e nas marcas”, explicou a coordenadora do Observatório de Tendências Ipsos, Clotilde Perez, em entrevista exclusiva ao O POVO, por email (leia mais na página ao lado).

Nesta edição, foram sete as tendências apontadas pelo estudo: Go Bubbling, desterritorilização e volatilidade; Maximum Exposure, realismo estetizado; Kronos fever, tempo e existência; Living Well, bem estar desejado; ID Quest, a identidade midiatizada; My Way, criatividade estética; e Know Your Rights, a emergência do socioeconômico (veja gráfico acima).

Comentários

A pedido do O POVO, Clotilde Perez, que é livre-docente em Ciências da Comunicação pela ECA-USP, comenta cada uma destas tendências.

1 - Go Bubbling, desterritorilização e volatilidade: “Do mundo global para as bolhas e agora para o rompimento das margens. O espaço já não limita. A vida, o conhecimento e a inteligência estão nas redes. O life tracking, o compartilhamento favorecendo as relações interpessoais e comunitárias, o technomadismo, o net-ativismo, as narrativas visuais do Instagram, as fusões, esferas e círculos sobrepostos reforçam a noção de ciclo da vida, mas agora o mundo tem o tamanho do interesse de cada um”.

2 - Maximum Exposure, realismo estetizado: “Notamos certo cansaço do politicamente correto. Surge a necessidade de retomar a vida real. O ‘no filter’, ‘no photoshop’, o nu e o cru. A autenticidade estética e a espontaneidade ética são novamente valorizadas e com isso a agressividade aflora abrindo espaço para o grotesco, para o deformado, o assimétrico, para tudo que está fora do padrão. Ainda que em muitas manifestações encontremos o convívio do agressivo e do edulcorado, mas sempre tensionados”.

3 -Kronos fever, tempo e existência: “A questão do tempo emerge com força e o trânsito entre os sexos é menos conflituoso que o trânsito entre as idades. A idade não determina mais que tipo de comportamento se deve ter ou que modelo etário se deve seguir. O espaço foi dramaticamente subvertido pelas novas tecnologias, fazendo do tempo um assunto de interesse e de observação. Passado, presente e futuro são dimensões que se fundem e se confundem, gerando conflitos e questionamentos”.

4 - Living Well, bem estar desejado: “Observamos grande valorização daquilo que se deseja individualmente. Inclusão da felicidade no dia a dia. Não se trata mais de fugir do aqui-agora para um plano feliz e irreal. Trata-se de fazer do aqui-agora um lugar mais feliz, mais alegre, com amor, com generosidade”.

5 - ID Quest, a identidade midiatizada: “Em ondas anteriores do Observatório de Tendências Ipsos, a tendência ID Quest revelava uma maior valorização da memória afetiva, dos registros pessoais e da busca por proteção nas redes de segurança tradicionais. Agora, tudo está midiatizado e posto em circulação na rede. A identidade está midiatizada. As referências podem ser concretas, mas também já se sente um movimento ao ilusório, ao fictício, a pseudo história, ao efeito pátina, ao heritage ficcional”.

6 -My Way, criatividade estética: “A ideia tem mais valor que a ação em si e a pessoa comum está empoderada. Surge o paradoxo: a individualidade se compõe pelo compartilhamento – só existe o compartilhado. Acontece a institucionalização das pessoas: pessoas ocupam o lugar das marcas: o protagonismo individual e o ambiente digital favorecem as pessoas-instituições. Surgem novos significados para a autoria: consumidores, fãs, seguidores se apropriam do que já existe e criam produtos. Não é mais apenas no virtual que se exerce a individualidade: o espaço coletivo e urbano é o grande cenário para intervenções criativas”.

7 - Know Your Rights, a emergência do socioeconômico: “O consumo de vilão ressignifica-se em mocinho: consumir passou a ser uma saída para a crise mundial. Expansão do conceito de consumo para além do ato de comprar. No Brasil, depois de satisfeitos os prazeres da materialidade vividos de forma inaugural por importante parcela da população, o consumo se torna mais particularizado e com foco na satisfação pessoal, abrindo espaço para investimentos em educação, prazeres íntimos e cultura”.

ENTENDA A NOTÍCIA

O Observatório de Tendências Ipsos é um estudo qualitativo que integra diferentes metodologias e técnicas, como pesquisa bibliográfica, entrevistas em profundidade, análise semiótica, websemiótica, etnografia, grupos de discussão, desk research etc.

Observatório de Tendências IpsosConheça as sete tendências de consumo e comportamento captadas pelo estudo nas principais capitais do mundo

Go Bubbling(Desterritorilização e volatilidade)A ideia de tudo ao mesmo tempo e agora tornou-se uma condição para quem quisesse pertencer ao mundo globalizado. Como a globalização e a vida sem fronteiras, de fato, não se alcançaram, passou-se a considerar o mundo, mas já não era necessário estar nele. Hoje o espaço já não limita, pois a vida, o conhecimento e a inteligência estão nas redes.

Kronos Fever(Tempo e existência)A discussão sobre os papéis sociais do homem e da mulher já não ocupa mais um espaço relevante na sociedade. Nas primeiras ondas do Observatório, notava-se que a mulher estava mais presa aos poderes que havia conquistado, enquanto o homem, mais perdido, sem um papel muito definido. Na onda anterior, perceberam-se novos casais e novas constelações familiares. Agora a questão do tempo emerge com força e o trânsito entre os sexos é menos conflituoso que o trânsito entre as idades. Emancipação da infância, infantilização da vida madura, decrepitude juvenil e juvenização da velhice são as marcas de Kronos Fever.

Know Your Rights(A emergência do socioeconômico)Alicerçada no paradigma “consumir é existir”, com ramificações para o consumo crítico, ético e sofisticado, esta tendência agora dá sinais de fusão entre todos os eixos, manifestando o entrecruzamento das lógicas do entretenimento, dos negócios e da sociabilidade. O consumo passou de vilão a mocinho - consumir passou a ser uma saída para a crise mundial – e houve uma expansão do conceito de consumo para além do ato de comprar. No Brasil, depois de satisfeitos os prazeres da materialidade vividos pela primeira vez por importante parcela da população, o consumo torna-se mais particularizado e com foco na satisfação pessoal, abrindo espaço para investimentos em educação, prazeres íntimos e cultura.

ID QUEST(A identidade midiatizada)A busca da identidade agora está conectada de maneira irreversível às tecnologias e às mídias, e o ambiente digital se torna o espaço para o exercício da identidade: religião, família, trabalho. Tudo está midiatizado e posto em circulação na rede. Diferentes impactos na noção de nacionalidade e soberania são percebidos ao redor do mundo. Principalmente na Europa o sofrimento e a profundidade da crise social e cultural (para além de econômica) faz reafirmar nacionalismos até então velados. No Brasil, assim como na China, a valorização da identidade nacional é crescente e o orgulho de cada um se expande. Nos Estados Unidos, o ideário da retomada do protagonismo mundial renasce e estimula a identidade de cada um.

Maximum Exposure(Realismo estetizado)O desejo pela intensidade, surpreender e ser surpreendido, arriscar-se, ousar, sair do lugar comum e fazer algo diferente são peculiaridades tipicamente humanas que foram aguçadas pelos efeitos da massificação da era global. Na onda anterior do Observatório, a ênfase estava em despertar os sentidos de maneira inusitada. Agora nota-se certo cansaço do politicamente correto e surge, então, a necessidade de retomar a vida real. A autenticidade e a espontaneidade são novamente valorizadas e, com isso, a agressividade aflora abrindo espaço para tudo que está fora do padrão.

My Way(Criatividade estética)A tendência My Way apresentava-se em ascensão nas primeiras ondas do Observatório. Na última onda, o foco passou a ser no indivíduo e em tudo que lhe singularizava. Agora a criatividade é o grande valor. A ideia vale mais do que a ação em si e a pessoa comum está empoderada. Acontece a institucionalização das pessoas, que ocupam o lugar das marcas.

Living Well(Bem estar desejado)Bem estar é o foco da tendência Living Well. Nas primeiras ondas do Observatório, o bem estar era obrigatório, o que deu o tom do “bem estar a todo custo”. Depois sentiu-se a diminuição das cobranças, trazendo a marca do “bem estar possível” e, na última onda, surgiu o “bem estar necessário”. Agora vive-se o “bem estar desejado”. Prazer, beleza e felicidade são os sinalizadores dos novos tempos.

FONTE: http://www.opovo.com.br/app/opovo/tendencias/2013/04/27/noticiasjornaltendencias,3046793/sete-principais-tendencias-internacionais-de-consumo-e-comportamento.shtml ACESSO EM 4 DE MAIO DE 2013
DÊ SUA OPINIÃO
CONCORDO COM ESSAS OPINIÕES
PRA QUEM COMO EU ESTUDA A BELEZA FEMININA

 

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